quarta-feira, 11 de junho de 2014

Sobre "O amante", de Annaud

Adorei o filme "O amante"*, apesar de não concordar com o título em português, já que na maior parte das vezes o termo "amante" é mais dado ao sentido de pessoa que mantém relação ilícita com outra; que não é o caso aqui.

"O amante" (L´amant / The lover, 1992, franco-britânico-vietnamita), filme de Jean-Jacques Annaud, é uma adaptação, feita por Annaud e Gérard Brach, do romance autobiográfico de Marguerite Duras (livro que está na Coleção Folha Grandes Livros no Cinema). O livro é ótimo e o filme não fica atrás. Os comentários serão sobre este, que foi indicado ao Oscar, categoria Melhor Fotografia.

Conta a história de uma adolescente indochinesa (filha de franceses) que mantém relação com um chinês mais velho (quase o dobro da idade dela); como pano de fundo: o período de dominação colonial no sudeste asiático.Tanto a parte histórica quanto a intensa relação do casal é muito envolvente. Para quem gosta de cenas de sexo, o filme é recheado delas, todas muito bem elaboradas, envolventes e intensas. Todavia, é uma cena "cotidiana" (não é o termo melhor, mas é que me vem ao momento) que me chama atenção, e eis aí:



A intensidade transmitida pelas mãos, no entrelaçar dos dedos... suavemente a mão dele, temendo retalhação, procura a dela, que já espera a dele - uma inversão, já que ele passa a ser o garoto e ela a mulher. E a cena continua, mostrando que aquela suavidade é aparente e só inicial, as mãos agora se apertam, revelando um fervilhar interno dos personagens vividos por Jane March e Tony Leung. As mãos transmitem e trocam energia, a química é adoravelmente inevitável.

Ainda quanto ao filme, vale muito a pena assistir ao Making-off e ficar sabendo um pouco dos bastidores, como foram as gravações no Vietnã;  da escolha da moça por anúncio de jornal, ela que nem atriz era; da procura pelo ator, também nada fácil. Eles, os protagonistas, foram ótimos logo nas primeiras gravações, como se já trabalhassem há muito com isso e sempre juntos.




* Não deve ser confundido com outro filme de mesmo título em português, original: The other man (EUA/Reino Unido, 2008), dirigido por Richard Eyre e estrelado por Antonio Bandeiras, Liam Neeson e Laura Linney, cujo filme de bom só tem os sapatos da design (protagonista) e as belas gravações no Lago di Como, Itália. Lago-senha, que inclusive deve ter inspirando alguns amantes.

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